Musicalidade e Oração no Centenário

Comentário do Hino do Centenário da Diocese de Ilhéus 
Por: José Raimundo Galvão

Comentário do Hino do Centenário da Diocese de Ilhéus Por: José Raimundo Galvão
José Raimundo Galvão
Este canto foi composto a pedido de D. Mauro Montagnoli, atual bispo diocesano, para marcar o Centenário da Diocese de Ilhéus, sendo, ao mesmo tempo, motivo de reflexão e prece do povo de Deus reunido na celebração de tão significativo evento.
            O refrão, usando a forma verbal do imperativo (2 pessoa do singular — eleva, vive), conclama a Diocese para o louvor à Santíssima Trindade, repetindo a invocação contida nas primeiras palavras da prece oficial do centenário, O primeiro verso do refrão recorda, de modo carinhoso, a pessoa de D. Valfredo Tepe, no seu encantamento pelo mistério do Deus Uno e Trino, que já fazia parte do seu modo de ser e agir.
            Daí por diante, cada estrofe tem sua explicação na caminhada da cidade e da diocese de Ilhéus, desde a sua fundação, quando ao território recém-descoberto denominou-se de Ilha de Vera Cruz (estrofe 1). Todo o processo de colonização teve começo no solo baiano onde se criou depois a Diocese de Ilhéus. A cruz acompanha o início da jornada que chegou a São Salvador da Bahia e daí se expandiu para o Brasil inteiro. Apesar dos altos e baixos, existe uma afirmação contida até no silêncio de cada gesto e que tempo jamais apagará: o nosso povo é de Jesus!
            A estrofe 2 rememora a presença dos santos mártires da Igreja antiga, São Jorge e São Sebastião, que nos lembram o compromisso maior da fé cristã: a vida totalmente comprometida pela causa de Jesus Cristo, ainda que o martírio seja a etapa final do gesto generoso da entrega. A mensagem atribuida a Tertuliano: Sangue de mártir é semente fértil de cristão! (Apologeticum, 50, 13: CCLI, 171) perpassa o ideário desta estrofe.
            Impossível seria nominar neste hino cada bispo que passou pela diocese ao longo de cem anos de vida; seus lemas episcopais, seus projetos missionários. Observa- se, porém, algo em comum no ideal abraçado por eles, por isso a estrofe 3 acentua o aspecto da unidade do rebanho confiado aos cuidados do pastor. A meta principal, não importando quem esteja conduzindo em cada momento, é favorecer as condições da unidade, visando ao cumprimento da vontade do Bom Pastor (Jo 10, 11-16).
            No atual bispo diocesano, D. Mauro Montagnoli, se resume tudo quanto se pode dizer individualmente de cada pastor, seja em Ilhéus, seja na Igreja inteira (estrofe 4). O jogo de palavras latinas contido no lema de D. Mauro possui uma forte carga semântica:
PREESSE (ESTAR À FRENTE), na missão episcopal, não representa privilégio, lucro, vantagem, como a preposição pre pode sugerir, mas deve converter-se, necessariamente, em PRODESSE (SERVIR BEM), conforme acentua a preposição pro, em favor de, em proveito de.
            A riqueza de significado pode ampliar-se quando evidenciado o conteúdo da preposição inter, numa forma também possível de associar-se ao verbo esse do latim:
INTERESSE (estar por dentro), fazendo ver que só existe apostolado fecundo onde há envolvimento total pela causa do Reino, isto porque fundamentado antes num compromisso de amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo: Pedro, tu me amas? Apascenta meus cordeiros... Apascenta minhas ovelhas... (Jo 21, 15-17).
            A estrofe 4 é, pois, uma homenagem ao atual bispo que tem a graça de presidir (preesse) a Diocese de Ilhéus num momento tão significativo de sua história, quando o ato de servir (prodesse) caracteriza a essência do ministério apostólico.
            Tudo isso remete a Santo Agostinho ao refletir a sua responsabilidade perante o rebanho: Aterroriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Para vós sou sacerdote, sou bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto é uma graça” (Sermão 340, 1).
            O lema deste centenário, sob inspiração do capítulo 1 da 1ª. carta de São João, está expresso na estrofe 5, a lembrar que o dom da fé se mantém graças ao testemunho que vem dos primeiros apóstolos, que nos transmitiram a experiência de ver e ouvir do próprio Jesus (v. 3) e tocar com as próprias mãos a Palavra da Vida (v. 1).
            Não há como esquecer aquela que se fez presente em toda a vida de Jesus e, por isso mesmo, continua atuando na caminhada da Igreja (estrofe 5). A quantidade de títulos com que Maria é invocada revela a intensidade de amor que os fiéis do mundo inteiro lhe demonstram. Ilhéus a denomina de Nossa Senhora das Vitórias, expressão de sentimento profundo de um povo que tem consciência de não estar sozinho nas lutas e conquistas da vida. E, assim, a Mãe de Jesus há de continuar sempre a sua missão, amparando e protegendo os seus filhos em todos os momentos da caminhada.
Os últimos versos (estrofe 6) traduzem uma doxologia, que, ao modo dos belos hinos cristãos, alegremente agradece à Santíssima Trindade a celebração do jubileu no pleno amor e revestido de imensa luz.


Hino do Centenário da Diocese
Autor: José Raimundo Galvão

 
Refrão> EM HONRA DO DEUS UNO E TRINITÁRIO
ELEVA TEUS LOUVORES PARA OS CÉUS
E VIVE TEU PRIMEIRO CENTENÁRIO
DIOCESE DE SÃO JORGE DOS ILHÉUS

1. O Dom de Deus aqui plantado
Que se chamou de Vera Cruz
Diz no presente ou no passado
Que o nosso povo é de Jesus

2. Na fé dos mártires da Igreja
São Jorge e São Sebastião
A nossa vida sempre seja
Semente fértil de cristão

3. O testemunho dos pastores
Na unidade do amor
Abriu caminhos precursores
De um só rebanho um só pastor

4. Jamais espere qualquer ganho
Quem no cajado põe as mãos
Estar a Frente do rebanho
É Bem Servir aos seus irmãos

5. "O Que Nós Vimos e Ouvimos
Anunciamos Sem Temor"
Na mesma fé nos reunimos
Cumprindo a ordem do Senhor

6. E não se apague das memórias
Que na alegria ou na aflição
Nossa Senhora das Vitórias
É grande força e proteção

7. No pleno Amor do Pai Celeste
E de Jesus o Filho seu 
 O Santo Espírito reveste
De imensa luz o jubileu
Fonte: Site da Diocese de Ilhéus

Oração do Centenário da Diocese de Ilhéus   
1913 - 2013
 

Santíssima Trindade, Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos e nós Vos bendizemos
pelos Cem Anos da nossa Diocese de Ilhéus.
Agradecemos pelas maravilhas que realizastes
em meio ao vosso povo, formado por várias etnias que aqui viveram o Evangelho de Jesus Cristo,
Nosso Senhor, Redentor e Libertador.
Recordamos, ó Deus, tantos leigos e leigas, Consagrados e Consagradas,
Padres e Bispos que aqui viveram e deram suas vidas pelo serviço da Evangelização.
Nós Vos pedimos que, neste centenário, a exemplo de Maria,
Nossa Senhora das Vitórias e de São Jorge, Nosso Mártir, e Padroeiro,
sejamos discípulos missionários na transmissão e no testemunho da fé,
“para que todos tenham vida em plenitude”.
Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém!

Fonte: Site da Diocese de Ilhéus

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